Postado por: Allana (: sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Livro: Guerra Mundial Z
Editora: Rocco
Autor: Max Brooks
Páginas: 365

SinopseCom Guerra Mundial Z, o norte-americano Max Brooks faz uma paródia dos guias de sobrevivência convencionais e expõe a paranoia coletiva que tomou conta do mundo, em especial dos Estados Unidos, na era Bush. No livro, que dá continuidade ao bem-sucedido O guia de sobrevivência aos zumbis, o autor adota um tom científico nas pretensas entrevistas que conduziu com os sobreviventes do ataque que quase extinguiu a humanidade. O narrador de Brooks é um integrante da comissão da ONU encarregado de elaborar o relatório sobre o assustador conflito que quase aniquilou o planeta. Da identificação do paciente zero, contaminado nas ruínas de Dachang, na China, até Mary Jô Miller, a arquiteta de elite que pode pagar para se proteger, passando pelo depoimento de um soldado da infantaria que lutou no conflito, nada escapa à verve do autor. Irônico, Brooks destaca ainda o quanto os homens são ingênuos em achar que podem se defender de pragas e criaturas alienígenas. Governos corruptos e com interesses eleitoreiros podem destruir qualquer Departamento de Defesa, ou conduzi-lo para o front errado. O autor mostra ainda como as sociedades desmoronaram e foram forçadas a se reorganizar após o colapso das instituições que as mantinham, levando as pessoas a atos extremos de heroísmo e altruísmo, bem como de egoísmo e mesquinhez. Além de recorrer ao fantástico para traçar um painel das reações humanas diante de crises e tragédias inexplicáveis, Brooks tece comentários ácidos sobre temas diversos como o autoritarismo na China e na União Soviética; a falsificação de relatórios de inteligência por parte do governo dos Estados Unidos para justificar a invasão ao Iraque em 2003; o impacto social e ambiental de grandes empreendimentos como a represa de Três Gargantas, na China; a opressão imposta por regimes fundamentalistas, como o talibã no Afeganistão e o tráfico internacional de órgãos, envolvendo países como o Brasil.

Muitos devem ter assistido o filme ou pelo menos visto o trailer de Guerra Mundial Z. O filme estrelado por Brad Pitt dividiu opiniões, nas quais uns acharam fraco e outros gostaram
principalmente das cenas de ação. Eu fui uma das pessoas que assistiu o filme, até não sendo fã de zumbis, fui ver ele principalmente por causa de uma cena em especial do trailer em que os zumbis tentam “escalar” uma muralha em Israel. Considerei o filme muito bom, apesar de me incomodar o fato de que os zumbis pareciam ter poderes especiais, pois para conseguirem dar aqueles saltos…

Logo após, descobri que foi baseado em um livro e apesar de como eu disse anteriormente, eu não ser fã de zumbis, fiquei bem curiosa para lê-lo. Antes de começar a leitura eu esperava encontrar uma história linear, como se encontra na maioria dos livros, no entanto ao ler a introdução já fiquei surpresa em perceber que não era isto.

Ela segue a estrutura de uma entrevista, no qual o entrevistado iria conversar com alguns dos sobreviventes desta guerra que quase deu fim a humanidade.  Este estilo de narrativa - a junção dos depoimentos com diversas pessoas de variados países - consegue passar a impressão que tudo aquilo realmente aconteceu e que o objetivo do livro seja uma forma de falar com as novas gerações de onde veio aquilo, o que aconteceu, como foi prevenida e uma forma de alerta para eles não cometerem o mesmo erro.

Falando nisto, uma outra surpresa foi a divisão dos relatos. Por exemplo, começamos com a parte do Alerta em que alguns entrevistados falam sobre o que antecedeu a esta guerra e os indícios do que estaria por vir. Em seguida a parte Culpa, na qual se conversa com pessoas que foram consideradas “culpadas” e dentre outras partes.

O leitor não vai conseguir criar um laço de amizade com os entrevistado já que várias pessoas só aparecem uma vez durante a história toda, no entanto, em relação aos seus relatos será muito difícil não se imaginar, não imaginar o indivíduo que está contando, passando pelas cenas descritas. Eu por exemplo, sei que suportaria passar pelo o que a Sharon relatou, nunca pensaria em um plano perverso porém eficaz de Redeker e sei lá se teria a força, talvez nem física, mas psicológica, de Todd.

Brooks conseguiu produzir uma história consistente na qual ele não deixa nenhum espaço vazio conseguindo mostrar quando começou tudo, com o paciente zero, como esta infecção se alastrou ao globo (uma das explicações foi o transplante de órgãos ilegais em que o entrevistado foi um médico brasileiro), o que os governos fizeram para tentar exterminar a ameaça, a reação da população passando pela parte física, os planos de defesa, e também a psicológica quando se via seus conhecidos, os lugares onde frequentavam ou moravam sendo destruídos. No final vemos como ficou a humanidade depois de ver quase seu fim.

Ao terminar a leitura, Guerra Mundial Z ganhou um espaço especial e já considerei um dos meus favoritos. Ele é chocante, real, difícil e que vai te fazer pensar sobre o nosso mundo. O leitor vai ler não apenas uma história de zumbi, ele vai ler uma crítica de nossa sociedade e nosso governo. Vai se chocar quando ver os relatos da batalha de Yonkers, no qual umas hegemonias atuais usam todo seu aparato bélico e se vêem totalmente arrasados e um dos países tão criticados, depois da guerra se tornando uma das hegemonias. Se chocar também como no começo, ainda na confusão, as pessoas tentando lucrar em cima disto, do medo dos outros, e outras achando que tem mais direito de sobreviver por causa de seu status.

Guerra Mundial Z é muito mais que um livro de zumbi. Por isto indico a não apenas quem curte esta temática, mas a todos que gostam de um bom livro. O grau de realismo é tão grande que no final você vai ficar com medo de tudo aquilo poder acontecer.


{ 2 comentários... leia-os abaixo ecomente também! }

  1. Vi ao filme, e é o tipo de adaptação cinematográfica que muito me agrada. Embora ao vê-lo você tenha uma ideia de que a história não foge muito do conceito "Zumbi", o que já estamos acostumados e que não há diferenciais... A resenha foi bem objetiva quanto o que se pode perder ao não ler o livro. Estará na lista de 2015.

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    1. Coloque sim na sua lista que você não vai se arrepender. Se eu que não sou muito fã de Zumbis curtir xD então fãs vão ama-lo

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