Postado por: Maac Gouveia segunda-feira, 6 de abril de 2015

Livro: O Lado Bom da Vida
Editora: Intrínseca
Autor: Matthew Quick
Páginas: 256

Sinopse: Pat Peoples, um ex-professor na casa dos 30 anos, acaba de sair de uma instituição psiquiátrica. Convencido de que passou apenas alguns meses naquele 'lugar ruim', Pat não se lembra do que o fez ir para lá. O que sabe é que Nikki, sua esposa, quis que ficassem um 'tempo separados'. Tentando recompor o quebra-cabeça de sua memória, agora repleta de lapsos, ele ainda precisa enfrentar uma realidade que não parece muito promissora. Com o pai se recusando a falar com ele, a esposa negando-se a aceitar revê-lo e os amigos evitando comentar o que aconteceu antes de sua internação, Pat, agora viciado em exercícios físicos, está determinado a reorganizar as coisas e reconquistar sua mulher, porque acredita em finais felizes e no lado bom da vida.
O Lado Bom da Vida é um livro sobre perda e superação, otimista e a dura busca de confrontar a realidade. Através da narrativa de Pat Peoples, um ex-professor na casa dos trinta anos conhecemos a sua história. Ou pelo menos o que ele se lembra dela. Pat passou quatro anos numa unidade de saúde mental, a qual ele chama de "Lugar ruim", mas de alguma forma sua memória bloqueou parte do tempo que esteve lá e também o que levou ele a ir a tal lugar... Com a promessa de que vai se tratar e tentar ser uma pessoa melhor, sua mãe tira Pat do lugar ruim e o leva para casa. mas o que Pat realmente quer é se tornar uma pessoa melhor para poder reconciliar-se com sua mulher, Nikki.
Ele começa então uma rotina, onde treina excessivamente, corre vestido em sacos de lixo para transpirar mais, lê os livros de literatura do programa que sua mulher leciona na escola, tenta se tornr uma pessoa diferente, enfim, tenta sempre ver o lado bom das coisas, o contorno de luz atrás das nuvens, como ele mesmo fala. Tudo isso para que quando acabe o "tempo separados", que Pat disse que ele e Nikki estabeleceram e que por isso ele foi para o "Lugar ruim", para se tratar, ele possa ser um bom marido para ela. E então acompanhamos sua rotina e sua esperança, que nós leitores desde o começo achamos que não vai acabar do jeito que Pat sonha.
O modo como o narrador conta sua história nos faz ter pena dele... Seu modo repetitivo, seu desconforto ao ouvir falar de Kenny G, sua infantilidade, seu retrato de pessoa destruída que tem que reaprender a viver, só nos mostra sua fragilidade e seu quadro de instabilidade mental e isso faz com que, de certa forma, criemos um apreço por ele. Principalmente no começo do livro, onde sua instabilidade parece até palpável. Tifanny, outra personagem mentalmente instável, que luta contra a depressão, aparece na vida de Pat "do nada" e juntos eles começam uma relação estranha que envolve necessidade, aprimoramento e compreensão.
Justamente por ser contado por Pat, nós só descobrimos as coisas quando ele nos fala, o que torna o livro lento e repetitivo... Nikki, lugar ruim, séries de exercícios, choros, crises, gritos de guerra dos Eagles e futebol americano, tudo isso diversas vezes. Porém um livro que trata de superação deveria relatar aos poucos uma melhora, senão não haveria superação, correto? E não é o que o livro mostra com clareza. Pat é um personagem relutante e vai até quase o fim com as mesmas ideias na cabeça, não sei nem se ele realmente muda. Enfim, não empolga tanto, não é tão conflitante. O pai dele, que poderia ter sido melhor explorado, é um tanto quanto passivo na história toda. Mas é notável e belo o esforço do personagem em se tornar alguém melhor, tentar alcançar uma situação que o próprio idealiza, e é esse o lado bom do livro.
Agora falando um pouco de sua adaptação - não gosto muito de fazer isso, já que esta resenha é do livro, mas será um breve comentário - vemos a história com uma abordagem muito melhor aproveitada. As coisas no filme não são tão influenciadas pelos caprichos de Pat. É mais impulsivo, mais humano, mais conflitante... As novas inserções e as pequenas mudanças na história apresentaram uma história em que a evolução de todos os personagens é perceptível.
Portanto o que faltou no livro foi justamente esse dinamismo. Ele é meio morno, parece que no fim pouca coisa mudou... E o que você espera em um livro é que haja essas mudanças, mesmo que sejam tristes, mas o cenários dos pais dele, por exemplo, parece que não há nenhuma progressão. Porém como o próprio livro diz acerca dos clássicos da literatura (vários são citados e explorados como A Redoma da Vida, O Grande Gatsby, A Letra Escarlate, Huckleberry Finn, Adeus às Armas, etc.) eles servem para mostrar como a vida pode ser dura e como muitos lidam com isso. E isso Matthew Quick conseguiu. O livro tratou com delicadeza de um assunto sensível e mostrou, com dois personagens ótimos, como aceitar a realidade pode ser ruim.



{ 2 comentários... leia-os abaixo ecomente também! }

  1. Ahhh, que pena não ter gostado tanto. É um dos meus livros favoritos da vida. O Pat é um personagem incrível e por mais dura que a vida dele seja ele tentar encontrar um lado bom em tudo, acho isso muito interessante e amo personagens assim apesar de eu mesma ser um pouco negativa, rsrs. Eu gostei bastante da adaptação para o cinema mas não acho que pegaram todo o potencial do personagem para o ator, já com a Tifanny acho que foram extremamente fieis.
    Adorei a resenha!
    Beijos,
    http://umaleitoravoraz.blogspot.com.br/

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  2. Gosto muito da forma de abordagem desse autor! Acho ele intenso e realista, o que pode não nos agradar tanto, já que a realidade não é um mar de rosas, como você sugeriu, mas me sinto tocada por sua narração. Recentemente, acabei Perdão, Leonard Peacock, que, na minha opinião, é ainda melhor que O Lado Bom da Vida, mas os dois falam de temas igualmente profundos e relevantes. Sempre estarei curiosa sobre as obras do Matthew, espero que dê chance a outras, mesmo sem ter gostado tanto da história do Pat! Sobre o filme, achei que ele acabou sendo mais superficial que o livro, amenizando situações críticas, como a relação do Pat com o pai, mas, considerando que o foco dos dois foi diferente, gostei das particularidades de cada um. <3

    Beijos! Lis
    umareescrita.com.br

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