Postado por: Maac Gouveia quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Olá gente!

Nós do Mas que livro! entrevistamos Pedro Izidio, um escritor autopublicado recifense, autor do livro A Sociedade do Medo. Você confere abaixo primeiramente a capa do livro, uma foto do autor e a sinopse do livro e logo depois a entrevista completa.


Sinopse: Não há liberdade sem luta, e para que possamos alcançá-la, precisamos lutar! Ambientado numa época “atemporal” a história remete a um ideal utópico liderado por um sistema autoritário, chamado Hegemonia. As pessoas são submetidas a uma ressocialização disciplinar, onde tramitam os costumes de submissão arcaicos. Há regras, cumpra-as! Quem for contra o sistema, é contra sua própria vida. Segredos virão à tona. Vidas estarão em jogo. O futuro da nação dependerá exclusivamente de seus próprios pertencentes. Não há como burlar o sistema, tampouco, querer derrubá-lo. Então... Aja dentro das leis e será recompensado. Permitir ser uma cobaia do sistema ou lutar secretamente por uma liberdade que nunca desfrutou? Não sabemos... "Você está sob nosso controle, nada que fizer o tirará daqui".

Maac Gouveia:  Primeiramente, fale um pouco sobre você... Como nome, idade e principalmente, como começou o seu desejo por ser escritor...


Pedro Izidio: Sou Recifense, me chamo Pedro Paulo Izidio e assino como Pedro Izidio. Tenho 18 anos e sempre gostei de ler. Na verdade, sempre estive nesse meio de ouvir histórias e gostar de imaginá-las. Acredito que boa parte do desejo de escrever tenha vindo dai. Por outro lado, uma parcela de culpa é pela forma como vejo a letargia social. As pessoas reclamam da posição a qual são submetidas e não fazem nada. Sei que faz parte de nossa cultura, e que talvez fosse impossível viver numa sociedade sem disparidades... Então a distopia surgiu como uma forma de mostrar a realidade de forma ficcional.

2.  M.G.: Parece-me que você começou bem cedo então... Quais as dificuldades que você encontrou durante todo o processo de escrita e como você as contornou?

P.I.: Realmente os encontrei. Terminei meu primeiro livro “Sociedade do Medo – A Irmandade Secreta” aos 17 anos. Sofri um pouco para mostrar as pessoas que aquilo não era somente um grito de um jovem rebelde. Como o gênero abordava um contexto sociopolítico, isso parecia distante de um jovem de 17 anos, que no senso comum só quer se divertir. Sempre tive um interesse absurdo por política, e não faço distinção entre vida comum e vida política, não é necessário ter um cargo para exercer política. Talvez esse tenha sido o problema, as pessoas me viam como um jovem sem embasamento para tal feito. Então eu contornei isso expondo meu ponto de vista em eventos públicos, comecei a palestrar sobre meu livro. Apresentá-lo em eventos literários, bienal...  E enfim as pessoas entenderam que o que eu dizia fazia um pouco de sentido.

3.  M.G.: O seu livro, “ Sociedade do Medo” é bem centrado nesse sentimento, não é? Você teve medo de as pessoas não conseguirem entender o que você quis passar? Ou trazendo mais para o âmbito do livro, tem medo da força que o governo pode exercer sob nós?

P.I.: Considero o medo como uma brecha imensurável na vida de uma pessoa. Ele pode tanto privá-lo de determinadas situações, como expô-lo de uma forma absurda a algo que nunca imaginou. Sabe aquele filme, Monstros S.A? O medo produzia energia, movia a empresa e movimentava o capital da empresa. É exatamente isso que acho.
Não medo, mas certo receio do que a história poderia representar para a vida de uma pessoa que separa a política como algo privado. A distopia ainda é um gênero muito mal compreendido, porque os leitores têm o habito de peneirar os romances e ações comuns e não entenderem o todo, já que “não interessa”.

4.  M.G.: E o gênero do livro é distopia, um gênero que está em alta ultimamente, o que você acha que diferencia a sua estória das demais?

P.I.: O meu livro é ambientado no Brasil. Acho que só isso o faz diferente. O que vemos hoje são livros estrangeiros tragando todo mercado editorial pela retribuição monetária que podem dar. Então, alguns escritores optam por ser vendável, escrever algo comum, “clichê” somente para vender... Por sorte, vemos muitos escritores bons com personalidade, que não se submetem ao mercado escrevendo algo que não queriam somente por dinheiro. A minha distopia, a meu ver, não é nada clichê. Baseei a história na própria história, entende? No momento em que o Brasil é invadido, no primeiro capítulo, a forma como os soldados agem, impulsivos e autoritários querendo ensinar uma cultura diferente... Isso soa como um “A história se repete”, por ainda sermos terra de ninguém.

5.  M.G.: O que, basicamente, influenciou o enredo dele? Filmes, livros, autores, seu próprio jeito de ver o mundo?

P.I.: Meus professores sempre disseram que eu tinha esse jeito ousado, de querer questionar tudo e me opor ao ponto óbvio. Por isso sempre gostei de sociologia e tive a sorte de encontrar um professor ótimo, Bruno, que encarava meus debates com toda paciência possível. Sobre os livros, li todas essas distopias famosas e não famosas... Procurei distopias brasileiras e o gênero é bem fraco.
A inspiração nasceu dessa mixórdia. A forma como eu questiono as coisas e crio situações incomuns, fugindo do que as pessoas pensam. Livros, debates e poucos filmes.

6.   M.G.: Além deste você tem outros livros e/ou outros projetos?

P.I.: Lancei agora a pouco, também por autopublicação, um pequeno livro de suspense, que tem como base central a forma como confiamos demais nos outros. Faz esse paliativo sobre “A Natureza Humana”. Além dele, escrevi um livro de fantasia ambientado com a cultura oriental “Profecia Negra”, por achar bem interessante. E agora estou escrevendo a continuação do A Irmandade secreta e depois a continuação do Profecia Negra.

7.   M.G.: O que você acha mais difícil: a parte da criação e desenvolvimento do projeto ou o término, a divulgação e tudo que vem depois? Como você o faz?

P.I.: Escrever exige certa disciplina. Não sairá nada de bom se você somente quiser o status de escritor. Então ter consciência de que todas as partes são fundamentais é imprescindível. A parte do desenvolvimento é trabalhosa, deve haver lógica, sentido, conexões com todas as partes da trama... O final é a parte onde o trabalho cresce um pouco, já que temos de parar ali; é o pote de ouro no fim do arco-íris e temos fazer com que isso valha a pena. Já com o público, é difícil encontrar espaço sim! A Literatura Nacional ainda é reserva, infelizmente.

8.   M.G.: Por fim, qual personagem que você criou que mais se parece com você, por quê?

P.I.: Isso é difícil. Algumas pessoas já leram o livro e iriam dizer “O quê? Você é o fulano”... Mas acredito que todos os personagens levam uma parte de mim. O Paulo é o mais, porque trabalhei bem mais nele. Todavia, coloquei nuances de minha personalidade em cada um deles. Um é mais lógico, outro mais agressivo, outro mais impulsivo. Digamos que eu peguei cada fragmento desses sentimentos que existem em mim e maximizei em cada personagem. Mas eles têm vida própria, são independentes e astutos e talvez não se achem tão parecidos assim comigo.

M.G.: Enfim, desde já agradeço a entrevista!

P.I.: Obrigado, também! É sempre bom poder falar um pouco sobre esse universo de criar histórias. 

{ 6 comentários... leia-os abaixo ecomente também! }

  1. Que capa linda! É bem chamativa e instigante. Adorei a entrevista, e principalmente de saber mais sobre o ponto de vista do autor com relação à história. Com certeza o fato de ser situado no Brasil é algo que torna o livro até mais interessante à nós, leitores nacionais, e fiquei bem curiosa em ler o livro, parece ser ótimo!

    xx Carol
    http://caverna-literaria.blogspot.com.br/
    Tem post novo no blog, vem conferir!

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  2. Poxa, adoro esse tipo de historia u.u não sei se tem a ver, mas me lembrou um pouco 1984. Vou conferir com certeza e desejo sucesso ao autor!

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  3. Anônimo, haha! Obrigado, com toda certeza também sou seu fã, a recíproca é verdadeira!
    Willian, o livro lembra um pouco 1984 sim pelo contexto um tanto político e pela abordagem social. Agradeço pelas felicitações!

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  4. O livro realmente é muito bom! Instiga o leitor a pensar o que de fato faz de sua vida e de como somos frágeis e manipuláveis. INDICO!

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    1. Porturini, tu és muito gente boa e agradeço por toda força e apoio que vem me dando! Obrigado!

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