Resenha: Nada Dramática, de Dayse Dantas

Postado por: Maac Gouveia terça-feira, 29 de julho de 2014

Livro: Nada Dramática
Editora: Gutenberg
Autor: Dayse Dantas
Páginas: 320

Sinopse: Aventuras e desventuras de uma garota que sobreviveu ao ensino médio sem ser popular, sem fazer mimimi... e sem conseguir evitar de se apaixonar
Camilla Pinheiro conseguiu passar sua vida escolar praticamente ilesa, sem se envolver em dramas adolescentes. Isso é uma grande vitória para ela, que sempre foi muito aplicada nas aulas. E pretende continuar assim, agora que está no terceiro ano do ensino médio do colégio Coliseu, um dos mais puxados e concorridos de Goiânia. Sempre organizada, seus planos para o último semestre se resumem a um só objetivo: passar no vestibular com as melhores notas. Porém, graças a uma confusão amorosa envolvendo seu melhor amigo, Camilla vê seus dias calmos de estudos se transformarem, em meio a revoluções escolares, brigas familiares, intrigas na turma, dúvidas sobre o futuro e até uma inesperada paixão, que ela insiste em negar para si mesma. Para se abstrair do mundo real, agora virado de cabeça para baixo, ela posta em seu blog as aventuras da “Agente C”, sua identidade nada secreta para quem a conhece e sabe o que é viver um dos períodos mais intensos da vida.

O Ensino Médio é realmente uma coisa superimportante e marcante na vida de alguém. Pelo menos é a sensação que se tem quando está vivendo ele, ainda vai viver ou acabou de viver, como eu ou a Camilla, protagonista desse livro. Tem a pressão com o vestibular e isso envolve a pressão dos pais, da escola, da sociedade e de si próprio além das loucuras que é o terceiro ano em si. Toda aquela aura de fim de um ciclo, dar adeus àquelas pessoas que você conviveu por no mínimo três anos – ou como no meu caso, algumas há sete anos – e então é inevitável: vai haver drama.

Camilla Pinheiro – ou Capim, para os mais íntimos – conseguiu se livrar de todas as peripécias e dramas que os adolescentes costumam passar. Mas é terceiro ano e os vestibulares estão chegando e quando uma confusão acontece que envolve um amigo, duas loucas disputando-o e ela, ela percebe que não vai conseguir passar ilesa dessa fase. Então ela passa o último semestre do ensino médio no Colégio Coliseu, situado em Goiânia, em meio a tensão familiar, revoluções, e claro, um romance inesperado. Para tentar se livrar da pressão e das tragédias cotidianas, ela tem um refúgio na internet onde posta seus textos fantásticos das missões da Agente C.

Enfim, o assunto é tão comum, tão real, tão “algo que todo mundo passou/passará” que é fácil se identificar com o livro. Além de que a escrita de Dayse é bem leve e fluida. No livro há aquelas situações que são mais engraçadas e aquelas que são monólogos mais pensativos, mais filosóficos, ou seja, assim como acontece na vida real, mesclando o bom e o ruim. Os dramas embolam-se, não esperam um acabar para o outro acontecer, ou seja, dá um realismo a mais ao livro. É bem diferente de filmes que vemos por aí sobre o ensino médio que ainda conseguem mitificar essa época. Narrado entre a história de Camilla, mensagens de texto, bilhetes em sala de aula, e-mails e pequenos contos da Agente C, Nada Dramática é bem simples e divertido.

Os e-mails entre Jordana e Camilla é algo bem interessante. Elas se correspondem vez ou outra eletronicamente para falar sobre os seus problemas, então é uma troca de visões sobre determinadas situações. E há sempre uma opinião e uma discussão legal entre elas. Outro fator que poderia ter sido mais interessante se melhor usado eram as histórias da Agente C. Sei que elas queriam passar um pouco do estado de como Camilla estava e que eram uma distração do mundo real, mas algumas histórias eram engraçadas, até legais e outras eram simplesmente... Estranhas. Como a da sorveteria, por exemplo. Em contrapartida, a da Terapeuta foi tocante. Eu esperava que houvesse um tipo de metáfora na história de Camilla e nas histórias da C, mas elas não tinham muita relação, então às vezes essas histórias com as missões da agente pareciam deslocadas demais.

De qualquer forma, o livro é bom pelo fato de você conseguir enxergar aquelas situações, entender as emoções que ela passa, pois tudo que acontece no livro – ou seja, o período do ensino médio – é algo que você já viveu, presenciou ou ao menos conhece sobre. Além de que o livro é Nacional, então há uma aproximação ainda maior. As histórias são sim comuns, mas não clichês. Sintetizando em alguns poucos adjetivos o livro é: bom, divertido, às vezes até reflexivo e claro, como não podia deixar de ser, dramático.